DECEA redesenha rotas brasileiras e decola para o futuro
Implantação do PBN nas principais terminais aéreas do País origina aerovias otimizadas, fundamentadas na navegação baseada em satélites, sistemas avançados de gestão de voo e performance de bordo.
Marco de um novo paradigma para o controle do espaço aéreo na região da América do Sul, a implementação do conceito CNS/ATM no Brasil vem integrando tecnologias e recursos – físicos e humanos – orientados à evolução da navegação aérea. Aplicando em larga escala tecnologia satelital, comunicação digital e uma gestão estratégica da navegação aérea, este processo vem alçando a atividade a uma condição de excelência na região.
Nesse contexto, a implementação da Navegação Baseada em Performance (ou PBN, do inglês Performance Based Navigation) – conceito associado à navegação aérea por satélite que, dentre outros benefícios, reduz e otimiza o percurso das rotas – é uma etapa decisiva para a consolidação do transporte aéreo do futuro. Sua operação nas rotas brasileiras irá agregar resultados significativos ao aperfeiçoar os percursos de voo, prover mais autonomia às aeronaves e reduzir emissões de gases poluentes, para citar alguns exemplos.
Alguns destes aspectos já começam a ser observados nas terminais aéreas de Recife e Brasília, que operam baseadas no procedimento desde 2010. O grande desafio, porém, será a implementação do PBN nas aproximações e saídas das terminais aéreas de maior movimento do País – São Paulo e Rio de Janeiro – já em 2013. Para isso, o DECEA vem cumprindo, há algum tempo, um cronograma de ações que abrangem desde a adequação de tecnologias e recursos físicos à capacitação de recursos humanos.
Uma etapa importante desse processo será concluída já no início de 2012, quando a organização disponibilizará aos usuários do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro uma nova estrutura de rotas, disposta sobre uma região abrangida por um polígono imaginário cujos vértices unem cinco capitais brasileiras: São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro. A iniciativa tem por fim a adequação prévia das rotas existentes nessa área – sob a jurisdição tática dos Centros de Controle de Área (ACC) – com o intuito de compatibilizá-las às futuras operações PBN, previstas para o ano seguinte.
Isso ocorre porque é indispensável harmonizar os fluxos de tráfego das terminais aéreas que operam PBN ao fluxo proveniente da fase de voo em rota; em outras palavras, as aerovias que servem às terminais, provendo (chegadas) ou recebendo (saídas) aeronaves regularmente.
Essa reestruturação de aerovias ordenará os fluxos consoante às necessidades – e os benefícios – dos procedimentos da Navegação Baseada em Performance. Permitirá, na prática, o estabelecimento de rotas muito mais diretas, viabilizando a constituição de uma rede de aerovias paralelas e adequadamente separadas, que resultam na redução dos cruzamentos dos voos e da necessidade de intervenção dos controladores. Benefícios que serão obtidos gradualmente a partir de março do ano que vem e plenamente após abril 2013 com o início da operação PBN nas terminais das duas maiores cidades brasileiras.
Por outro lado, a estratégia do DECEA também atua no aperfeiçoamento da divisão dos setores de controle das Regiões de Informação de Voo (FIR – do inglês Flight Information Region), adequando-os segundo suas demandas, ao empregar os conceitos de setorização dinâmica e vertical.
A setorização dinâmica consiste, em síntese, na flexibilização da abrangência de determinados setores, submetidos, por exemplo, a picos de circulação aérea. Assim, em um dado momento do dia, estes setores podem ser alargados ou restritos a circulações estratégicas, alterando-se os seus limites laterais.
Já a setorização vertical, como se supõe, agrupa os setores segundo seus níveis de voo (altitudes). Por meio dela, determinadas regiões de grande fluxo de chegada e saída de aeronaves, em médias e baixas altitudes, como nas terminais aéreas, são separadas dos níveis de voo mais altos, onde outras aeronaves apenas percorrem suas rotas e demandam um serviço diverso. Essas medidas por si, já promoverão, segundo estimativas da organização, um aumento de capacidade da ordem de 47 % na FIR Brasília e de 39% na FIR Curitiba.
Desse modo, o aumento de capacidade e o aperfeiçoamento das trajetórias de voo, além de viabilizarem uma substancial economia de combustível, reduzirão também, naturalmente, o tempo de viagem.
Estudos preliminares feitos pelo DECEA indicam a redução de cerca de 10 minutos no tempo de viagens que tenham como origem ou destino a cidade de São Paulo, nas ligações com Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Natal. Como ao longo dessas aerovias são realizados mais de 35 mil voos por ano, os 10 minutos a menos podem gerar uma economia de cerca de 12 milhões de kg de combustível e evitar a emissão de cerca de 38 milhões de kg de CO2 na atmosfera por ano.
O cálculo é conservador e a projeção da equipe do DECEA é a de que a redução do tempo de viagem e, consequentemente, a economia de combustível e redução de emissões, sejam ainda maiores do que as apontadas pelas perspectivas preliminares.
De acordo com o cronograma do Departamento, após a consolidação da nova estrutura de rotas do centro-sul brasileiro em 2012 e do início das operações PBN nas duas maiores terminais aéreas do País em 2013, já esta prevista a implantação da Navegação Baseada em Performance, nos dois anos subseqüentes, também nas terminais aéreas de Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre.
Em síntese: menos gasto de combustível, menos emissão de poluentes, viagens mais rápidas com trajetórias de voo muito mais precisas. Muito em breve os usuários do espaço aéreo brasileiro – e por extensão boa parte dos voos que cruzam diariamente a região da América do Sul – já poderão dispor do que há de mais avançado na navegação aérea moderna, fundamentada no conceito CNS/ATM.
Assessoria de Comunicação Social do DECEA
Daniel Marinho (Jp25768-RJ) – danieldhm@decea.gov.br
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